Quando os chefes dos sacerdotes se reuniram com os líderes religiosos, elaboraram um plano. Deram aos soldados grande soma de dinheiro, dizendo-lhes: “Vocês devem declarar o seguinte: ‘Os discípulos dele vieram durante a noite e furtaram o corpo, enquanto estávamos dormindo’. Se isso chegar aos ouvidos do governador, nós lhe daremos explicações e livraremos vocês de qualquer problema”. Assim, os soldados receberam o dinheiro e fizeram como tinham sido instruídos. E esta versão se divulgou entre os judeus até o dia de hoje.
Mateus 28:12-15
E tem gente que acredita que pagamento de propina é algo novo!!!
Chama minha atenção que apenas Mateus tenha registrado essa situação, embora o texto mencione ser essa a “versão oficial corrente” sobre o “desaparecimento” do corpo de Jesus.
Vale lembrar que Mateus, antes de ser chamado para ser um dos discípulos, trabalhava na área de recebimento/cobrança de taxas, impostos e tributos. Isso me faz pensar que provavelmente ele conhecia boa parte das pessoas envolvidas em “operações financeiras não tão corretas”. Aliás, a reputação dos que lidavam com esse tipo de operações, não era das melhores (lembra de Zaqueu?).
Com essa informação, dá pra supor que talvez Mateus tenha desejado registrar que havia um tipo de conduta corrente de tentar dar um “jeitinho”, de forma que certos fatos não viessem à tona como de fato eles tivessem acontecido ou mesmo de manipular situações ou informações, para que os “fins justificassem os meios” (veja o caso de Judas Iscariotes).
Mas, voltando ao texto, a iniciativa de mudar a verdade em mentira não partiu dos soldados, mas dos líderes religiosos. E para isso assegurariam o pagamento de “grande soma de dinheiro”!
E por garantia, ainda asseguraram que, caso eles fossem responsabilizados por ter feito algo errado (e ao assumir que tinham dormido, a culpa pelo “roubo do corpo” seria deles), eles poderiam ficar tranquilos, porque dariam as “devidas” explicações e os “livrariam” dessas acusações!
Eles estariam “garantidos” e seguros……o “preço da mentira estaria pago”!
E daí eu continuo pensando um pouco mais nessa história e suas implicações hoje: embora vivamos rodeados de oportunidades de “propinizar” ou sermos “propinizados”, a grande maioria de nós se mantém firme e não cede a essas tentações.
Porém ao refletir nesse texto, penso que existem outras formas de ser “propinizado” diariamente ao ser desafiado a mudar verdades ou abrir mão de valores e princípios por alguma “grande soma” de “vantagens”, como: reconhecimento, aceitação, posição, racionalização e justificativas para acobertar nossos erros e pecados, satisfação/prazer pessoal, etc.
E para estar “seguro” nessa “verdade mentirosa”, ou me cerco dos que podem me dar “cobertura” (vivendo entre aqueles que assumem tal postura, forma de pensar e agir), ou então me cercando de outras mentiras, para servir de “justificativas” à mentira inicial.
Mas isso tudo tem um custo muito alto! O velho ditado diz que “a mentira tem pernas curtas”. Acobertar ou viver uma mentira tem alto preço e um desgaste físico, moral, emocional e espiritual inimaginável, pois a cada momento posso ser “descoberto”.
Aliás, o próprio Mateus registra as palavras de Jesus de que “Não há nada escondido que não venha a ser revelado, nem oculto que não venha a se tornar conhecido (Mt.10:26).
Daí eu me pergunto: será que há mentira pela qual valha a pena receber “qualquer” preço para se viver por ela?
Não! Não há preço que valha a pena para me prender a qualquer “boa” mentira que seja!
E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará (Jo 8:32)