ONDE EU FICO?

Talvez você já tenha passado pela experiência de ter sido convidado para ser
padrinho de casamento, ou mesmo no seu próprio casamento e ter ouvido ou feito a seguinte
pergunta durante a formação do cortejo de entrada: de que lado eu fico?
Geralmente a resposta não vem de imediato e todos ficam à espera da orientação
salvadora que vai aliviar a tensão já existente e que se agrava com uma pergunta tão simples.
Isso me faz pensar sobre coisas que experimentei e, normalmente, uso como resposta cada vez
que sou um dos integrantes de tais cortejos e tal pergunta invariavelmente é feita. E, pasmem,
o alívio costuma ser salvador em todas os episódios.
Lembro de muitos anos atrás, enquanto ainda era apenas o namorado da minha
preciosa esposa, de termos nos deparado com um pequeno trecho do livro de Cantares:
A sua mão esquerda esteja debaixo da minha cabeça, e a direita me abrace. (Ct. 2:6)
Sem qualquer pretensão de “teologizar” sobre o tema, queria compartilhar algumas
dicas sobre o que nós, enquanto casal, temos aprendido sobre o significado e impacto desse
texto em nossas vidas, conjugal e pessoalmente.
Descobrimos que a posição mais confortável que ela gosta de ficar quando estamos
juntos, quietos, é estar reclinada em meu peito, enquanto meu braço esquerdo a envolve e o
direito a abraça ou acaricia seus cabelos. Curiosamente, se tentamos fazê-lo do outro lado, o
efeito não é o mesmo.
A maioria das vezes em que assim estamos, sinto sua respiração se acalmar e logo
em seguida ouvi-la dizer: estou ouvindo o teu coração bater!
E esse é um efeito quase que “mágico”, principalmente nos momentos em que ela
está agitada por preocupações, tristezas ou simplesmente cansada: sua respiração vai
acalmando e não demora muito para perceber seu adormecer tranquilo e seguro.
Meu racionalismo de homem tem dificuldades de entender o “efeito calmante” que
causo nela e, por vezes, sinto que naquele momento não passo de um confortável “travesseiro
com braços” onde ela se aconchega. Mas…graças a Deus, tenho entendido que há razões
lógicas para tal efeito!
Deus quando nos criou, nos dotou de certas características com as quais não
estamos bem familiarizados e por isso não as percebemos ou pouco valor damos. Uma delas é
nossa sensibilidade aos sons e, principalmente à música. Sim, acredite, por mais insensível que
você julgue ser, Deus instalou em você um software muito interessante.
A música basicamente é formada a partir dos sons. Mas mais do que isso, ela é
composta por três elementos básicos: melodia, harmonia e ritmo. Sem querer entrar no
assunto, vou direto ao ponto em que cada um desses elementos exerce influência direta em
nossa natureza espiritual, emocional/mental e física, respectivamente.
Talvez você já tenha ouvido falar sobre a influência que o ritmo das músicas exerce
sobre o nosso corpo físico. Se não ouviu, com certeza já percebeu em si próprio diversas vezes
em que seu pé, sem qualquer intenção, estava “marcando” o ritmo da música que está
ouvindo, ou suas mãos “tocando” o encosto da poltrona ou até mesmo seu corpo sendo
levemente balançado de um lado para outro ao som daquela melodia conhecida.
Esse é o efeito que o ritmo exerce em nosso físico. Sem percebermos, começamos a
entrar em sintonia com ele e, sem que planejemos, logo estamos “no mesmo ritmo”!
E é exatamente esse é o efeito que, o “ouvir do coração” que minha esposa
comenta quando estamos abraçados, nos leva a experimentar: entrar em sintonia, a ponto de
logo estarmos no “mesmo ritmo”, sem que haja uma palavra sequer!
Fica aqui essa sugestão: experimente fazer esse exercício com sua amada. Talvez
seja estranho as primeiras vezes, mas não desista. Experimente a oportunidade de entrar em
sintonia com ela e desfrutar o entrar “no mesmo ritmo”.
Mas, fique tranquilo, meu objetivo não é apenas sugerir uma “terapia conjugal”.
Tenho um desafio ainda maior para você experimentar e uma esperança para aqueles que
porventura não tenham a preciosa bênção de ter ao seu lado tal companhia.
Lembro daquele momento de tantas dúvidas, tensão, medo e incertezas, em que o
discípulo amado, João, tem a ousada intimidade de aconchegar-se em Jesus (Jo. 13:23). Só ele
o fez!
Fico a pensar se nós, diante das mais diversas circunstâncias, temos aprendido a pôr
em prática o simples ato de nos aconchegar em ousada intimidade com o Senhor, para que
entremos em sintonia com Ele e estejamos “no mesmo ritmo”. Se assim o fizermos, então
vamos entender o significado das palavras que o salmista registrou como desafio a todos nós:
Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus! (Sl. 46:10)
Volto a fazer a mesma pergunta: de que lado você fica?
Ah! Ainda em tempo. Caso você esteja curioso por saber a resposta que apresento
aos padrinhos antes da entrada do cortejo nos casamentos, eu sempre respondo: mulheres
ficam à esquerda, pois é ali que ficam mais próximas do coração de seus companheiros!
Entendeu a dica?
Por Renato Oliveira